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Fisioterapeuta faz tratamento diferenciado em crianças com síndrome de Down e relata avanços

A fisioterapeuta Camila Albuês Melo Torres trabalha com crianças com Síndrome de Down na clínica Vital Kids, em Cuiabá. Ela conta que através das técnicas Bobath e PediaSuit percebe grandes avanços no desenvolvimento motor de seus pacientes.

Segundo Camila, a principal dificuldade de alguém com síndrome de Down é, na realidade, o preconceito, mas com estímulos, consegue-se desenvolver com mais facilidade.

Nesta quarta-feira (21) é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A Dra. Camila diz que é uma data importante para relembrar que uma criança com a síndrome é como qualquer outra.

“Dia 21 de março é o dia internacional da Sindrome de Down. Temos procurado pensar na criança não só como uma alteração cromossómica, mas uma criança como qualquer outra, que precisa de seu desenvolvimento motor, afeto, atenção. Esses pacientes têm características específicas, por isso é muito fácil identificar quem tem essa alteração cromossômica”, disse.

Camila é graduada em Fisioterapia, mestre em saúde coletiva pela Universidade Federal de Mato Grosso, especialista em neuropediatria. Ela trabalha na clínica Vital Kids, que atende crianças com qualquer distúrbio neurológico ou ortopédico.

As técnicas oferecidas na clínica são PediaSuit, que utiliza roupas da Nasa, e Bobath, do básico ao avançado, esta sendo exclusiva deles no Estado.

“Bobath avançado é exclusivo nosso em Mato Grosso. Estão fazendo por aqui o básico, mas este avançado é um diferencial, que potencializa o desenvolvimento das crianças. O PediaSuit é com roupas da Nasa. Aplicamos os dois juntos”.

De acordo com Camila, o quanto antes a criança com Síndrome de Down receber acompanhamento, melhor será seu desenvolvimento.

“Preconizamos começar com a estimulação o mais cedo possível, pois resultará em um crescimento melhor. Quanto mais cedo começar, essas crianças irão andar mais. Se é tratada precocemente, irá prevenir diversas alterações. A probabilidade é de ter um desenvolvimento mais próximo do normal possível”, explica.

Ela conta que já viu avanços rápidos em crianças pequenas que receberam os tratamentos.

“Temos crianças que andaram ou estão quase andando com um ano e seis meses, sendo que a expectativa é que andem com pelo menos três anos de idade. Temos também este olhar de incluir a família, que é uma grande ajudadora na terapia. Envolvemos carinho, atenção, cuidado e orientação”.

Segundo a fisioterapeuta, a maior dificuldade que os portadores da síndrome encontram é na realidade o preconceito que sofrem.

“Eles sofrem preconceito por causa das características físicas. Antigamente eram conhecidas como mongols e até hoje carregam consigo esse preconceito. Mas hoje é algo já conhecido, falado, só que mesmo assim existem esses problemas de intolerância na escola, parquinho, vários locais”, disse.

O diagnóstico de uma criança com Síndrome de Down pode ser feito ainda durante a gestação, com imagens de ultrassom ou mesmo logo após o parto. A fisioterapeuta conta que de início muitas mães encontram dificuldades.

“Não é fácil para as mães. Temos vários tipos dentro da clínica. Tem as que aceitam muito bem. Sou professora da Unic e encontro dentro da universidade mães que não tem o mesmo suporte das que estão dentro da minha clínica. São algumas que faltam orientação, que as crianças começaram a sentar com dois anos e meia”.

Justamente pela falta de informação e acompanhamento, muitos portadores da síndrome sofrem por causa da falta de aceitação da família.

“Só entende quem vive neste mundo. Temos mães que escondem seus filhos, tem vergonha, não aceitam. Não conseguem chegar em uma loja, a vendedora pergunta e ela diz que não. Depois, chegam para mim e dizem que é difícil, que não conseguem aceitar. Porém, temos as que aceitam que ela tem algo, mas não deixa de ser criança. Dentro de Cuiabá, não mostramos esta realidade. Criei Instagram e Facebook voltados para socializar, mostrar as técnicas, direcionar e informar os pais”.

No entanto, ela reforça que o suporte e acompanhamento desde cedo é fundamental para que a criança com Síndrome de Down consiga crescer para ter uma vida normal e independente.

“Várias mães que recebem o diagnóstico, tem o medo do filho ser estigmatizado, que seja rejeitado. Temos pessoas com a síndrome que tem uma vida normal, se casam, tem independência. Por isso temos que falar deste suporte fisioterapêutico, psicólogo, fono, uma escola que acolha a criança. É importante neste dia falar desta luta. Estas pessoas são normais que precisam ser tratadas iguais”.